segunda-feira, 30 de julho de 2012

30.07


Minha cabeça se constitui de monstros e dragões, que me corrompem. Perco-me por eles. Volto aos sonhos, caio em buracos. Não sei ultrapassar.
Se me solidifico, quero derreter; se estou líquido, sou incolor.
Arre, nunca estou aqui. É essa dor de nunca ser. As pessoas me olham, observam, pensam sobre. Minha face se transformas em meus monstros e dragões interiores.
Cálcio.
Não suporto  mais, fecho meus olhos e atinjo o obscuro, sozinho. Posso tocá-lo, mas não o sinto. Perco-me nesse corpo frio, sou sensível à cores, mas não as possuo. Sobem à cabeça.


terça-feira, 17 de julho de 2012

21:22, julho.

(...) então eu atirei meu corpo nesse chão gelado em módulos simétricos. Tudo estava fechado, mas senti o calor do sol, entrando por baixo, me enraizando nesse piso industrial, enlouquecendo as moléculas, agitando, transformando esse meu chão, numa terra calorosa. Um sorriso para o lado esquerdo. Eu estava vivo. Não sabia como brindar. Comemoração através de um contato. Em segundos eu estava na natureza. Na minha natureza estrangeira. Meus movimentos eram simples, infantis, mas eram os meus. Mão, pé, perna, coluna. Tudo em movimento. Em três segundos, eu estava completamente líquido. Água. Uma água que me provocava me manter vivo. E eu estava. Como reagir?  Qual é a distância da sensação de estar vivo e estar realmente vivo? Sou de terra, água, ar e fogo, meu sol. Eu vivo e vivo muito. E aprendi a morrer, para viver. Morrer para ser. E isso eu só consigo em contato comigo mesmo. O tempo é o meu maior inimigo e o meu maior amor. Amor não-utópico. Levantei. Abri a janela, haviam pássaros, pipas, nuvens, tudo junto na composição mais bela desse meu mar azul e sem fim.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

ao som de biscuit - portishead



(...) vivo na escuridão do meu quadrado, este, que eu nem sei se posso tocar. Aliás, nunca toquei de verdade, perco tudo por ele, minhas cores, as cores dos outros, não sei ser aqui. Para ser preciso me jogar pra fora dele, deitar, rolar no que não me pertence, assim eu posso acreditar no que eu chamo de meu corpo. Mas aonde está meu corpo aqui nessa escuridão de quatro lados que chamo de quarto? Como meu corpo reage a uma vida transtornada em frente a uma tela? Eu não tenho corpo aqui. 

Meu corpo quer outro corpo, mas esse outro corpo se desfaz quando se aproxima do meu. Eu só posso querer quando esta longe, quando não enxergo, quando está desfocado, de perto tudo se perde, quando eu toco se perde. Eu, você: nós. Caio em buracos por não enxergar de longe, nem sentir de perto.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

poema contínuo

me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta  me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta me solta que sou macaco que sente dor, chora e não quero audiência






(sem ctrl c + ctrl v)

domingo, 24 de junho de 2012

22h29 - quase julho.

coceira no umbigo.
Volto a ficar nervoso a estar 10km de distância do seu cheiro, posso te ouvir passar antes mesmo de chegar a sua rua e se eu provoco o desencontro é somente pela insegurança de não saber se digo oi, olá ou simplesmente paro e fico a te olhar, três dias ou quatro. Eu não sei que chão é esse que piso ao estar com você, nem sei se esse chão é meu, seu ou meu-seu. Não desejo nada demais. Sua boca me seduz, seduz meus olhos, sobe para a testa e atravessa todo o de trás do meu corpo, que tem medo de ser atraído pela frente, então minha satisfação estar no te ver, ouvir e conversar com você. Eu devo parecer um esquizofrênico ao seu lado, não penso ao contrário. Corro pra te ver e tenho medo de te tocar a mão, se te abraço quero me entregar e ficar nos seus braços por setenta e quatro horas. Eu tenho todo um passado que grita, que me esfola, você não me isenta de dor, mas você não dói, não machuca, se eu pudesse lhe presentear, seria de cores, não que você não tenha, mas quero te preencher, no nariz, na boca, no seio, no pé, no dedo, na lombar, no sorriso, na alma, no olhar, quero tingir você com todas cores que eu já vi, senti e perdi, aliás não quero nada. Não. Não quero. 
Posso deitar aqui?
Durmo cantando canção de fora. 

Você fala da vida, de uma vida nossa, que sim existe, mas não conhecíamos, descubro sua pele quando você toca minha mão. Cigarro meu-seu, café meu-seu, cerveja, corrida e um frio que só quer nos aproximar em olhares, eu te abraço com o olho esquerdo e você se abre com o direito, depois seu esquerdo vem ao meu direito até nos perdermos em olhares, e você chora no meu colo: 

you tell me summer's here,
and the time is wrong.




terça-feira, 12 de junho de 2012

#11.06, pela manhã intragável



rompi com meu corpo
e com o que eu chamo de eu-sentimental,
não sou isento,
e se não quero mais, ainda existe o querer.
deito em via pública, durmo,
e aos poucos estou sujo e nú.
luto por vontades, mas não quero:
busco pelo meu esquecimento
retorcendo-me pelo cimento.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

À MORFINA

entreaberto a tudo
entre eu e o outro,
aberto daqui pra fora,
sou no universo de irradiações a
pássaro que urge.
não me complemento com urgidos,
nem com imensas/intensas radiações,
morte sincera.
finalmente o amor espera.

não tenho pretensões de amor,
mas alimento expectativas,
tentei muito, por isso me exilo,
de guerra fria à carpe diem,
de furacões para gravidade zero.
quero a morfina
quero ser morfina.

nada de anular sentimentos;
se o sol está por cima é porque ele existe acima.
quero amorfina,
morder, suar deitar, alimentar-se de.

amor fino
amor que cessa,
- respira.
e grita: estou aqui.
mas que não venha só morfina,
não desejo só anestesias,
não aprendi a viver em cativeiros.

soul brasileiro,
de terra, mar, selva e cimento,
não lamento,
soul estrangeiro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

montana,

abri os olhos desesperado: acordei me enxergando, que bizarrice humana é se enxergar logo quando se acorda. Primeiro um pé no chão, não me importava se direito ou esquerdo, rapidamente o outro, e logo o frio do meu piso me contagia, me jogo no chão, corpo nu ao chão, movimentos circulares, aleatórios, quero ver o frio me pegar.
Dois minutos de choque corporal, guerra de bunda, costas, pernas.
O silêncio chega, inunda meu quadrado vazio, não consigo falar, pensar, respirar. Deixo a lembrança me levar. Volto para uma outra noite, vivo tudo de novo de uma outra forma, tudo sendo, como nunca foi. Pelado me encontro no meu quarto, um mapa de lembranças no meu corpo, pontos azuis, marrons, vermelhos. Ligações estrangeiras. Meu óculos fica na mesa, não preciso dele agora. Quero enxergar com os meus olhos, aqueles que me foi dado. Se eles tem deficiência não é por acaso. Preciso aceitá-los.

preparo minha cafeína matinal e ascendo meu tabaco nicotinado para uma vírgula no meu dia.

Eles