Parada. Cabelos bagunçados. Olhos arregalados. Alguns raios em sua volta. Seus braços congelados. Naquele momento ela não sabia distinguir o que era ela, o que estava acima de seu estado ser, do que ela nunca foi, do seu íntimo, do seu secreto, do seu imaginário. Ela não conseguia ser. E isso provocava uma raiva infinita naquele pequeno corpo que agora batia em todas as paredes, atravessava as nuvens e fazia a chuva parar e os raios se acalmar. Era sua vez de chorar. O choro maior tinha que vir dela, de seus olhos, nariz, boca e pele. Ela era a dona do choro maior. Agora tremia. Ascendeu o cigarro, boca torta e trêmula. Ali era como café sem açúcar. Como agulha no vinil.
2 comentários:
Não seria tão bonito se não fosse melancólico. Seus textos são ótimos.
Abraço.
Acho que ela precisa de um abraço.
Acho que ela quer ser ouvida entre os trovões e os carros que passam, entre a chuva que cai pra roubar a tristeza que é dela e só dela. A razão de um abraço.
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