quarta-feira, 11 de julho de 2012

ao som de biscuit - portishead



(...) vivo na escuridão do meu quadrado, este, que eu nem sei se posso tocar. Aliás, nunca toquei de verdade, perco tudo por ele, minhas cores, as cores dos outros, não sei ser aqui. Para ser preciso me jogar pra fora dele, deitar, rolar no que não me pertence, assim eu posso acreditar no que eu chamo de meu corpo. Mas aonde está meu corpo aqui nessa escuridão de quatro lados que chamo de quarto? Como meu corpo reage a uma vida transtornada em frente a uma tela? Eu não tenho corpo aqui. 

Meu corpo quer outro corpo, mas esse outro corpo se desfaz quando se aproxima do meu. Eu só posso querer quando esta longe, quando não enxergo, quando está desfocado, de perto tudo se perde, quando eu toco se perde. Eu, você: nós. Caio em buracos por não enxergar de longe, nem sentir de perto.

Um comentário:

Georgia Hammine disse...

Posso até imaginar esse poema vivo, mesmo que numa escuridão qualquer.

Abraço.

Eles