segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
#13:59
deitei na minha mesma cama, sempre lá, dois travesseiros de pano florido e colcha azul. Me perdi por duas horas, abri os olhos, vi, senti, passei a mão em tudo que meu estômago mandou pra fora, o meu resto e o meu essencial, tudo agora estava no chão do meu quarto, eu na posição de um animal, que antes era o mais feroz e hoje está velho. Deitei em cima daquilo que parecia ser meu, que se dizia ser meu. Não haviam rosas, não havia humanidade. Eu que sempre acreditei no ser Humano. Agora sim, poderia falar de desilusões sobre as afirmações das minhas tias do ensino fundamental. Desenhei com a ponta da faca por todo meu corpo. Nada de interessante, nada que eu possa comparar com algum pintor, ou qualquer cara que traga alguma referência. Eram só rabiscos, mas nada que atingisse um por cento da genialidade de Basquiat. Era tudo vermelho, mas não era uma instalação de Cildo Meireles. Era algo meu, que só me pertencia, não queria dividir, era meu resto, minha essência e meu vermelho-rosa-magenta. Ninguém viu. Ninguém vai sentir.
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