quinta-feira, 4 de junho de 2009

Nada em vão.

Ficava lendo o dia todo, mas era a todo momento. Só pensava naqueles livros, gigantes ou mesmo os minúsculos. Juro, tentei ler um, mas foi em vão, assim como foi em vão tentar esquecê- la.

Um dia pensei mudar; ler os resumos tirados da internet, até comprei um notebook pra isso, usava wi-fi, eu era moderno. Foi em vão esta atitude. Na quarta depois de ter lido tanto e relido mais ainda alguns resumos, fui eu, conversar com ela, eu até que tinha tal liberdade. Começei a falar de Camões, Machado de Assis, Aluísio de Azevedo, Augusto dos Anjos e até ousei falando de Virginia Woolf, ela me dissera que nunca leu nenhuma obra de nenhum dos escritores que lhe disse, alguns até mesmo mal sabia quem era. Me perguntava loucamente, como assim?

Tive uma outra idéia, absurda ou não, eu fiz. Já que passei dias e dias lendo aquelas obras, um tanto que insuportáveis, pensei em algo melhor, pra eu não derrubar o ovo da colher novamente, pensei em me aproximar de seus livros, olhar a capa, até fotografar se possível, para saber o que essa menina tanto lê, e assim ler também, e quem sabe casar com seus livros num futuro próximo. Mas esta, foi outra missão em vão.

A menina só andava com livros subliminares eu diria, capas de uma cor, sem título, sem editora, sem autor, mas dúvido que aqueles livros eram tão interessante e popular quanto o albúm branco do Beatles. Que menina astuta e não afeita ela era.

Já fazem quatro anos, estou no segundo colegial, e essa desvairada continua nesta nóia destes livros, e eu na vibe de sempre pensar nela, nos livros dela, na mente dela, no corpo dela, no beijo dela. Porquê ela me domina de tal forma? Ela consegue despertar em mim desejos que nem eu mesmo sabia que podia existir; desejos repugnados; íntimos; desejos que fujo às 24 horas de cada dia nesses quatro anos. Preferia me afogar e morrer sem ar, à morrer pensando nela e em suas provocações silenciosas. Desejo morrer na dor de um incêndio do que morrer na dor de não poder te amar livremente. Peço que largue os livros, e seu óculos do século retrasado e perca- se em meu corpo, no meu umbigo, na minha face. Mas sei que, pensar assim, também é em vão.

Mas ontem pensei que era dia de mudança, tinha tudo pra dar certo, tudo aconteceu ao contrário. Acordei no horário, tomei café, fui uniformizado, arrumei meu topete, lavei até o rosto e escovei os dentes, me olhei 14 vezes no espelho, 14 pois 1 + 4= 5 e cinco, este era o número dela da chamada, ela calçava 35, e era o 55° livro que acompanhei ela lendo. Então era óbvio: é hoje, ou era hoje. Era cinco de maio, tive a coragem, a maior coragem do mundo. Nem quando enfrentei uma teia de aranha do teto de casa foi com tanta coragem, isso contando com o momento que comi cada teia de aranha que residia no teto, os comi de raiva, de nojo, para que a aranha que mal gostava de mim nunca mais aparecesse. Foi em vão.

Cheguei cinco minutos mais cedo, sabia que ela já estaria lá. Sentei na quinta carteira, da quinta fileira. Agora ela ficava ao meu lado. Meu suor veio à tona. Minha vida se revelou, meu ziper abriu, e a brisa me congelou. Esperei cinco segundos, o tempo exato de respirar, retomar minha coragem e lhe dirigir a pergunta - Que tanto lê nestes seus livros? Ah, se eu soubesse que fosse tão difícil nem pensaria no mecanismo daquele dia. Ela, depois de 15 sgundos me respondeu, nada de mais, só algumas bobagens, você já pensou em ler bobagens? É óbvio que não, ela sabia que não, no máximo li aqueles resumos pra ter sua voz ao meu ouvido, mas como dizer isso, como mostrar pra ela minha profunda adimiração, como pedi- la em casamento. Já fugia de mim estas respostas. Ela me abriu um sorriso, e disse algumas palavras que parecia um livro de tanto que ela disse - Estas bobagens que tanto leio, que você tanto observa e tenta decifrar são meus livros, eu escrevo. Alguns são escritos quando bem pequena, quando você ainda nem pensava em ler, ou eu mesma. Sabe eu vi você me observar cada dia, não te observei pelo fato de eu não saber encarar alguém, seu olhar era forte demais pra eu poder ao menos levantar a cabeça, eu não quero criar um papo longo, nem mesmo criar um diálogo, não sou assim. Quero só te dar um livro, este da capa amarela. Leia. Não me diga o que achou, apenas o leia e não me olhe tanto.

Aquele dia sim, eu morri, morri que não consegui mais beber água por toda minha vida.

6 comentários:

MioneNunes disse...

Caaara amei teu blog ~;D to seguindo jah...passa la no meuu
beijo http://meannina.blogspot.com/

Fernanda Zanol. disse...

Que lindoooooo....
Me apaixonei por esse texto, sério mesmo...
É uma história real? ;D
De qualquer jeito, é lindo demais.

beijaooo.

Fernanda Zanol. disse...

Ah tah. Hehhe ;D
mas ficou tão real.. ficou ótimo.

=*

Naay Bäck. disse...

Imaginei a cena....

Profundo isso;;; Vc sentiu?? Aconteceu? Imaginiu???

Adoro contos, aqueles que faz vc começar a ler e não parar até o final, e quano a história finaliza vc ker mais...

Beijos

Me.Veloso! disse...

É uma fixaçããããão.

Bem como textos que você começa a ler e nunca
mais quer parar e quando acaba você pensa. TEM MAIS NÃO? uhauahuha.

Até o próximo post.
(;

Franco Fester disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

Eles