segunda-feira, 22 de junho de 2009

brinde de salvação

Ela sempre teve uma beleza impagável. Uma beleza que ainda não foi possível vender, uma estética não copiável. Porém, não era o exemplo de caráter.
Aos 12 saiu de casa, se prostituiu, vendeu seu corpo e sua alma, vendeu até sua retina. Aos 15 já estava grávida, parou com a prostituição, mas começou no tráfico de drogas. A vida não poderia acabar. Amor era de se duvidar, não era tão simples dizer que aquele rosto bonito amava, ou mesmo que havia sentimento naqueles dedos perfeitos. Aos 18 resolveu crescer, foi ao ocidente, conhecer, engravidou de não se sabe quem, e logo ao rio estava de volta. O tráfico não era sua atividade, mas sim a venda de armas, essa lhe dava mais dinheiro, sua filha precisava de um futuro melhor que o dela, sua filha merecia sorrir, acordava todo dia assim.
Alguns diziam que cresceu em pról de sua filha, tanto que aos 22 anos, quando já não tinha mais nada, suas filhas reclamavam de fome, não pensou duas vezes, apenas disse: Mamãe sempre pensou no teu melhor, mamãe sempre quis te dar o amor, se eu pudesse dava minha alma as duas, sem precisar repartir.
Procurou dar sua alma naquele momento as filhas, mas não foi suficiente. Deu algo melhor naquele momento; algo que acabasse com a fome, com a dor, com sentimento ruim. Não queria que a cabeça de suas filhas fosse de pensamentos: de desnaturada. Queria o melhor para elas, e não pensou três vezes. Pensou duas. E de coração, deu as filhas o que tinha do veneno para ratos, com todo o coração, ela colocou às bocas famintas.

Eles